Memórias
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Memórias
Eram ladrões:
Levaram as coisas de valor,
Todo o brilho material por onde os olhos avistava.
A fortaleza de ouro.
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Eram Trabalhadores:
Levara...
Nossos heróis
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Nossos heróis
Precisamos de heróis, mesmo que seja apenas para salvar um pensamento, uma
idéia, um direito, um sonho, um desejo de ter paz e felicidade.
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Humildade...
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Humildade...
Senhor, fazei com que eu aceite
minha pobreza tal como sempre foi.
Que não sinta o que não tenho.
Não lamente o que podia ter
e se perdeu po...
És tu quem me conduz, és tu quem me alumia, Para mim não desponta a aurora, não é dia, Se não vejo os dois sóis azuis do teu olhar. Deixei-te há pouco mais dum mês, – mês secular E nessa noite imensa, ah, digo-te a verdade, Iluminou-me sempre o luar da saudade. E nesses montes nus por onde eu tenho andado, Trágicos vagalhões dum mar petrificado, Sempre adiante de mim dentre a aridez selvagem, Vi como um lírio branco erguer-se a tua imagem. Nunca te abandonei! Nunca me abandonaste! És o sol e eu a sombra. És a flor e eu a haste. Na hora em que parti meu coração deixei-o Na urna virginal desse divino seio, E o teu sinto-o eu aqui a bater de mansinho Dentro em meu peito, como uma rola em seu ninho!
Poesias Dispersas
Lágrimas
Lágrimas ocultas
Se me ponho a cismar em outras eras Em que ri e cantei, em que era querida, Parece-me que foi noutras esferas, Parece-me que foi numa outra vida...
E a minha triste boca dolorida, Que dantes tinha o rir das primaveras, Esbate as linhas graves e severas E cai num abandono de esquecida!
E fico, pensativa, olhando o vago... Tomo a brandura plácida dum lago O meu rosto de monja de marfim...
E as lágrimas que choro, branca e calma, Ninguém as vê brotar dentro da alma! Ninguém as vê cair dentro de mim!
Florbela Espanca
Almas dos Poetas
Ai as almas dos poetas Não as entende ninguém; São almas de violetas Que são poetas também.
Andam perdidas na vida, Como as estrelas no ar; Sentem o vento gemer Ouvem as rosas chorar!
Só quem embala no peito Dores amargas e secretas É que em noites de luar Pode entender os poetas
E eu que arrasto amarguras Que nunca arrastou ninguém Tenho alma pra sentir A dos poetas também!
Florbela Espanca
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DICAS
TRADUTOR
Amor Vivo
Amar! Mas d'um amor que tenha vida... Não sejam sempre tímidos arpejos, não sejam só delírios e desejos d'uma doída cabeça escandecida...
Amor que viva e brilhe! Luz fundida que penetre o meu ser - E não só beijos dados no ar - Delírios e desejos - Mas amor... Dos amores que têm a vida...
Sim, vivo e quente! E já a luz do dia não virá dissipá-lo nos meus braços como névoa da vaga fantasia...
Nem murchará o sol à chama erguida... Pois que podem os astros dos espaços contra uns débeis amores... Se têm vida?
Antero de Quental
Alma
Almas indecisas
Almas ansiosas, trêmulas, inquietas, Fugitivas abelhas delicadas Das colméias de luz das alvoradas, Almas de melancólicos poetas.
Que dor fatal e que emoções secretas vos tornam sempre assim desconsoladas, Na pungência de todas as espadas, Na dolência de todos os ascetas?
Nessa esfera em que andais, sempre indecisa, Que tormento cruel vos nirvaniza, Que agonias titânicas são estas?
Por que não vindes, Almas imprevistas, Para a missão das límpidas Conquistas E das augustas, imortais Promessas?
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